Terça-feira, 30 Setembro 2025
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Território Arrábida: afirmar uma região ímpar

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Presidente da Câmara Municipal de Palmela

A forte atração exercida pela Arrábida deriva, incontestavelmente, da sua exuberante beleza natural e riqueza patrimonial mas, também, do convite à contemplação e à viagem interior. Sentinela tranquila da passagem das eras, a Arrábida conta-nos muitas estórias de outros tempos e cá ficará para dar testemunho da nossa passagem às gerações futuras. A longa cordilheira, verdadeira maravilha geológica, estende-se junto ao Sado e ao Atlântico, entre os municípios de Palmela, Sesimbra e Setúbal, indiferente a fronteiras administrativas.

A sua centralidade orgânica, fruto de uma identidade vincada e de história, território e valores partilhados, faz da Arrábida uma unidade territorial coesa, que justifica um olhar transversal. Essa visão reflete-se, já, na gestão de áreas como a Proteção Civil, a Saúde ou o Turismo e motivou, também, os três municípios a estreitar os laços de cooperação, com vista ao desenvolvimento socioeconómico integrado, bem como à intervenção concertada, de que é um bom exemplo o Fórum Intermunicipal da Saúde. De igual modo, a assinatura, em março deste ano, no âmbito da BTL, de um protocolo com o Estado brasileiro de Rio Grande do Norte e a Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERT-RL) para promoção turística e parcerias empresariais, deu início à internacionalização da marca Território Arrábida.

Esta estratégia integrada refletiu-se, igualmente, no Acordo de Parceria PORTUGAL2020, estabelecido entre Palmela, Sesimbra e Setúbal, que permitiu o desenvolvimento de trabalho conjunto, com vista à captação e aplicação de fundos comunitários na capacitação das organizações, das pessoas e do território, e na sua promoção enquanto polo de desenvolvimento e de atratividade em Portugal e na Europa. A constituição do Grupo de Trabalho Intermunicipal consubstanciou esta lógica de governação intermunicipal, em respeito pelas idiossincrasias de cada território, e envolveu várias entidades parceiras, como a Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Associação de Desenvolvimento Regional da Península de Setúbal (ADREPES) ou a ERT-RL.

CICLOP 7 – Rede Ciclável e Pedonal da Península de Setúbal, HUB 10 – Plataforma Humanizada de Conexão Territorial, PRIA – Percursos em Rede para a Inclusão Ativa, e PRARRÁBIDA – Conservação, valorização e promoção do património histórico, cultural e natural da Arrábida, foram os quatro grandes projetos criados a partir desta parceria, que gerou elevados ganhos de escala, não apenas pelo impacto no território, mas, também, pela eficiência e eficácia dos recursos utilizados. Tratam-se de projetos que germinaram e continuaram a originar novas ações, muito além do horizonte 2020, consolidando esta identidade supramunicipal.

No entanto, a par destes projetos setoriais, há muito que estamos unidos pelo objetivo primordial de preservação do património natural e cultural da Arrábida. A sua defesa e dos seus produtos endógenos, numa perspetiva de valorização da simbiose entre comunidades humanas e o território, justificou a construção de uma candidatura a Reserva da Biosfera da UNESCO, que congrega os três municípios, a AMRS e o ICNF, e cuja confirmação será de enorme relevância para o projeto de desenvolvimento regional em marcha. Trata-se de uma candidatura sólida, com investigação inédita e uma profusa produção de conhecimento, num processo amplamente participado pela comunidade e agentes regionais, cujo mérito, acreditamos, será reconhecido pelo Comité “Man and the Biosphere”, que anunciará os resultados em setembro.

A marca Território Arrábida é, cada vez mais, um ativo de enorme importância e valor, que estimula a autoestima e o sentido de pertença das populações e que afirma uma região ímpar, impulsionando a concretização de todo o seu potencial!

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