Presidente da Câmara Municipal de Setúbal
O que une Palmela, Setúbal e Sesimbra é mais do que uma geografia comum ou a proximidade da magnífica Serra da Arrábida. É uma visão partilhada de território, de desenvolvimento sustentável e de bem-estar das populações, que tem vindo a ganhar forma e expressão através de uma articulação cada vez mais sólida entre os três municípios. Esta cooperação, com rosto, estratégia e resultados, tem sido afirmada com o nome de Território Arrábida – conceito que não anula as identidades de cada concelho, mas que as fortalece através da complementaridade e da ação conjunta.
É essa complementaridade que faz da Arrábida um território coeso e equilibrado. Palmela, com a sua forte tradição agrícola e vitivinícola, Sesimbra, marcada pelo mar, pela pesca e pelo turismo de natureza, e Setúbal, com uma economia urbana e industrial consolidada, convergem num espaço de interdependência económica, social e ambiental. A mobilidade diária entre os concelhos, os circuitos de bens e serviços, os vínculos laborais e educativos, tudo demonstra como este território funciona em rede e como as soluções que procuramos devem ser pensadas de forma integrada.
A cooperação entre os municípios de Palmela, Sesimbra e Setúbal, no âmbito da Associação de Municipios da Refuai de Setúbal, foi também determinante para o sucesso da candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera da UNESCO, permitindo unir esforços, recursos e visões estratégicas em prol de um objetivo comum: a valorização e preservação deste território único. Esta parceria intermunicipal reforçou a capacidade de articular políticas de proteção ambiental com iniciativas de desenvolvimento sustentável, envolvendo comunidades locais, entidades científicas e agentes económicos, garantindo que a riqueza natural, cultural e paisagística da Arrábida seja reconhecida e preservada para as gerações futuras.
O turismo é uma das áreas onde esta lógica territorial ganha especial relevância. A serra, o estuário, as praias, o património construído, os produtos locais e a cultura de raiz popular são ingredientes de um destino de excelência que só pode ser promovido de forma coerente se for pensado como um todo. Este projeto Revela Arrábida, que agora dá os primeiros passos, reflete essa identidade comum e pode ser, sem dúvida, um contributo relevante para a valorização integrada do território. Por isso, acompanhamos com atenção este trabalho, certos de que a afirmação da marca Arrábida beneficia todas as comunidades que aqui vivem e trabalham.
A cooperação entre os três municípios tem-se manifestado em domínios essenciais como a defesa do Serviço Nacional de Saúde, por via do Fórum Intermunicipal da Saúde. Setúbal, Palmela e Sesimbra têm assumido uma posição pública clara e determinada na exigência de uma resposta urgente do Governo aos graves problemas que afetam o Centro Hospitalar de Setúbal, que serve os três concelhos e boa parte do Litoral Alentejano.
A falta de recursos humanos, a degradação de infraestruturas e o adiamento de investimentos estruturantes penalizam diretamente a população do Território Arrábida. É por isso que, em uníssono, temos insistido junto do Poder Central na necessidade de uma intervenção célere, eficaz e duradoura, que reforce a capacidade de resposta e a dignidade dos cuidados prestados.
Mais do que um somatório de vontades, o Território Arrábida é hoje uma afirmação de coesão, de visão estratégica e de capacidade de ação. Uma região que se reconhece nos seus valores naturais e culturais, mas também na coragem com que enfrenta os seus desafios. E que sabe que, juntos, somos mais fortes: na defesa das populações, na construção de um futuro sustentável e na afirmação de um território que é, ao mesmo tempo, único e plural.